A Capitania de Minas Gerais do século XVIII e início do século XIX era dividida em quatro comarcas que definiam o atual território do Estado. Eram elas: Comarca do Rio das Mortes com sede em São João Del Rei, Comarca do Rio das Velhas com sede em Sabará, Comarca de Vila Rica com sede em Ouro Preto, Comarca de Paracatu com sede em Vila do Príncipe e finalmente Comarca do Serro Frio com sede no Serro. O vale do Jequitinhonha e o Mucuri constituíam o Nordeste dessa comarca no território do município de Minas Novas. Os habitantes da região do Serro foram os primeiros colonizadores do Jequitinhonha, Mucuri, Doce e São Mateus dedicando-se à lavoura e à pecuária.
Porém o maior ato empreendedor do Mucuri se deve ao empresário e político Teófilo Otoni que, em 1851, fundou a Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri, de capital aberto, com incentivo do governo imperial e do governo da província de Minas Gerais. Visava a navegação do Rio Mucuri, desde sua barra na província da Bahia até o último ponto navegável em Minas. Otoni sabia que era necessário povoar a região com lavradores e daí o assentamento de portugueses, germanos, franceses, italianos, suíços, belgas, holandeses, chineses, espanhóis, sírios e libaneses, resolvendo em parte o problema da mão-de-obra. Entre os colonos encontravam-se sapateiros, carpinteiros, ferreiros, oleiros, tecelões, seleiros, boticários, curtidores, padeiros, alfaiates, calceteiros, agrimensores, engenheiros, professores e pintores.
A tentativa de Teófilo Otoni de desenvolvimento do Mucuri foi importante mas não teve continuidade. A região permaneceu isolada, , comunicando-se internamente através de um primitivo transporte fluvial, alternado pelo cavalo de sela, pela tropa de burros e carro de bois. Apenas no inicio século XX foi possível promover a ligação do território com um porto do mar Isto se deu com o advento da Estrada de Ferro Bahia-Minas, que ligava a cidade ao porto de Caravelas, na Bahia, atendendo à produção e comércio de café. Foi, entretanto, curto este período de interação, pois com a crise do café em 1930 a estrada caiu paulatinamente em desuso por falta de cargas até ser fechada ao tráfego. Adaptando-se aos novos tempos, a base produtiva regional voltou-se para a pecuária e mineração, beneficiamento e comercialização de pedras preciosas.
Organização Demográfica e Social do Vale do Mucuri:
A) Localização:
O Território do Vale do Mucuri está localizado no nordeste de Minas Gerais, conta com 27(vinte e sete) municípios e uma área aproximada de 24.882 km², sendo uma área média de 951,55 km². Divide-se em duas áreas distintas:
Médio e Baixo Mucuri: solo de média e alta composição exigindo pouca correção para o cultivo.
Alto Mucuri e Jequitinhonha: solo árido, de baixa fertilidade, necessitando de correção para o cultivo, exigindo assim alta tecnologia.
B) Limites Geográficos do Vale do Mucuri:
Leste: Sul do Estado da Bahia e Norte do Espírito Santo
Norte: Região do Médio Jequitinhonha de Minas Gerais
Sul: Estado do Espírito Santo e região do Vale do Rio Doce de Minas Gerais
Oeste: Região do Alto Jequitinhonha de Minas Gerais.
C) Distribuição dos Municípios por região dentro do contexto do Vale do Mucuri:
Norte: Águas Formosas, Bertópolis, Crisólita, Fronteira dos Vales, Machacalis, Novo Oriente de Minas, Pavão, Santa Helena de Minas e Umburatiba.
Noroeste: Caraí, Catuji, Itaipé e Ladainha.
Oeste: Franciscópolis, Malacacheta, Poté e Setubinha.
Sul: Campanário, Frei Gaspar, Itambacuri, Ouro Verde de Minas, Pescador e Teófilo Otoni.
Leste: Ataléia, Carlos Chagas, Nanuque e Serra dos Aimorés.
D) Economia:
A economia básica da região fundamenta-se na agropecuária, em que pese caracterizar-se pela agropecuária de subsistência e com baixo nível de tecnologia, exceção para aproximadamente 10% das unidades produtivas, que têm na pecuária seu sustentáculo, neste caso, utilizando médio grau de tecnologia. A atividade pecuária leiteira é o principal empreendimento, sendo que 80% das unidades produtivas têm produção inferior à 50 litros/dia. Os pequenos produtores dedicam-se também, à produção de grãos (milho, feijão, arroz) e mandioca. Como a região apresenta topografia de relevo ondulado ou montanhoso não é recomendável para produção de referidos produtos. Outra atividade econômica e tradicional na região é a exploração, lapidação e comercialização de pedras preciosas e semi-preciosas. Em todos os municípios são exploradas lavras. Teófilo Otoni é conhecida como a “Cidade das Pedras Preciosas”. Além disso, o município de Teófilo Otoni é, talvez, o mais importante município do interior brasileiro no que se refere à comercialização de pedras preciosas e semi-preciosas. Mesmo a produção explorada em outras regiões do país tem em Teófilo Otoni um canal tradicional para comercialização tanto a nível nacional como a nível internacional.
E) Estradas:
O Território do Vale do Mucuri possui uma malha rodoviária de 17.420km, das quais 16.770 km são de responsabilidade das Prefeituras Municipais e somente 650km são de responsabilidade do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem.
F) Dados demográficos:
A população dos municípios Território do Vale do Mucuri perfaz aproximadamente 464.844 habitantes, com uma densidade demográfica de 18,68 habitantes por quilômetro quadrado. O município de maior população é Teófilo Otoni, com 134.733 habitantes. O de menor é Umburatiba com aproximadamente 2.700 habitantes. A população média por município é de 17.216 habitantes. Excluída a cidade de Teófilo Otoni, temos a média de 12.696 habitantes por município.